terça-feira, 19 de julho de 2011

UM OLHAR DEHONIANO SOBRE...

...a Devoção ao Coração de Jesus
Lendo os Evangelhos percebemos que, no entender do próprio Jesus, a vida eterna e, por isso mesmo, toda a vida cristã consiste em conhecer o Pai e a Ele (Jesus Cristo). Então vale a pena aprofundar este conhecimento feito de fé e de amor pela pessoa de Jesus (cf. Jo 17,3). Era também esta a grande prece que Paulo fazia por seus irmãos de Éfeso (Ef 3, 14-19).

Fala-se em culto, devoção e espiritualidade do Coração de Jesus. Vamos tentar entender o que significa cada um deles. Vamos tentar compreender também o que queremos dizer com a expressão ‘Coração de Jesus’.

O que se entende por culto?
A palavra culto deriva de um verbo latino (colere) e significa ter o cuidado de cultivar. O culto é a veneração que se tem por um ser ou uma pessoa, uma atitude interna feita não só de admiração, de estima e de honra, mas também de humildade, de entrega, de submissão.
Quando falamos em ‘culto religioso’, devemos lembrar que ele estabelece um relacionamento entre Deus e a pessoa humana; entre Deus que se revela, se doa e a pessoa humana que responde a Deus com serviço e amor.
O culto é, antes de tudo, interno, mas pode e deve expressar-se em atos externos. Aqui entram nossas orações pessoais, comunitárias, nossas celebrações litúrgicas com que respondemos ao amor do Coração de Jesus por nós.

O que entendemos por espiritualidade?
Espiritualidade é um termo muito usado hoje. Indica o espírito de uma coisa, um estilo de vida, uma mentalidade; é uma maneira de ser e agir. Falamos, assim, de espiritualidade sacerdotal, conjugal, franciscana, dehoniana, espiritualidade do século XIX...
Falando em espiritualidade do Coração de Jesus, pensamos numa maneira de ser, num estilo de vida que deve ter uma pessoa que acredita no amor de seu Deus e que fez até a experiência do grande amor que o Pai e o Coração de Jesus têm por ele (ela). Pensamos na vida que leva uma pessoa que acolheu em si o Espírito do Amor e se une ao Coração de Cristo nesta grande obra de redenção dos seus irmãos(ãs), por amor.

O que entendemos por devoção?
Devoção é uma palavra ambígua; pode ter vários sentidos. Aqui nós não a tomamos no sentido de uma ‘prática piedosa’, nem no sentido de ‘fervor’ ou de ‘consolação espiritual’ (como falamos de oração: Eu senti muita devoção, rezei com muita devoção).
O sentido que damos, aqui, à palavra devoção é aquela tirada dos escritos de Santo Tomás: “A prontidão habitual da vontade nas coisas que se referem ao serviço de Deus”. Significa, então, uma disposição permanente e pronta em nossa entrega a Deus. Devoção é, aqui, quase sinônimo de Consagração. Seria, então, uma resposta de amor ao amor de Cristo, consagrando-se a Ele. Cristo, por amor, deu a vida por nós (cf 1Jo 3, 16) e nos associou aos mistérios de sua vida (cf 1Pd 2, 9). Portanto, é necessário que respondamos a Ele, com o nosso amor. Isto é ser devoto do Coração de Jesus. 

O que significa e expressão ‘Coração de Jesus’?
Comecemos pelo simbolismo do ‘CORAÇÃO’. Em nosso linguajar, o coração é o símbolo natural do amor. Não porque este órgão físico produza o amor, mas porque no coração repercute, de modo maravilhoso toda a gama de manifestações afetivas que, em nós, está relacionada com o amor.
O Concílio Vaticano II usa, também, o símbolo do coração ao falar do amor de Cristo: “O Filho do Homem, com sua encarnação, uniu-se a todo homem. Trabalhou com mãos de homem, pensou com inteligência de homem, trabalhou com vontade de homem, AMOU COM CORAÇÃO DE HOMEM” (GS 32).
Com a expressão ‘Coração de Jesus’ entendemos a própria Pessoa de Jesus, o seu aspecto mais nobre, mais atraente para nós: o AMOR, síntese e foco unificador de toda a vida, de toda a obra e de toda a Pessoa de Jesus.
A devoção ao Coração de Jesus venera o amor humano do Filho de Deus Encarnado. Lembra Jesus que nos ama com amor humano e, por isso, nós sentimos nosso Deus muito próximo de nós, caminhando ao nosso lado.
Mas, a devoção ao Coração de Jesus venera não só o amor humano de Jesus. Lembra e venera, também, o seu amor divino. Quando dizemos Coração de Jesus (ou Coração de Cristo), queremos significar a Pessoa de Jesus Cristo, enquanto é, na sua Pessoa e na sua vida, a máxima manifestação do amor divino-humano com que Jesus Cristo nos amou e nos ama.  
Pio XII escrevia: “O Coração de Jesus é o Coração de uma Pessoa divina, ou seja, do Verbo Encarnado e, por isso, representa e, por assim dizer, nos põe diante dos olhos todo o amor que Ele teve e ainda tem por todos nós. Portanto, fácil é concluir que, em sua essência, o culto ao Coração de Jesus é o culto ao amor com que Deus nos amou por meio de Jesus e, ao mesmo tempo, a prática do nosso amor para com Deus e o próximo” (H. A. in AAS 48, 344s).
E João Paulo II nos lembra que, na Pessoa de Jesus Cristo, se revela também o amor misericordioso do Pai para com a humanidade. O Coração de Jesus será então, também, o amor misericordioso do Pai que, em Cristo, se revela e se doa totalmente a nós.

E a melhor forma de sermos devotos do Coração de Jesus no mundo de hoje será levar esta misericórdia do Coração de nosso Deus aos nossos irmãos e irmãs, principalmente aos pobres, oprimidos, esquecidos, marginalizados; é ser misericórdia do Coração de Jesus para todos eles e tentar reconstruir neles o rosto, o projeto de Deus.
P. Francisco Sehnem, scj
fonte:
http://www.dehonbrasil.com/scj/reflexoes_04.htm

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