5 bons motivos para ser católico - por Jim AUER
[1.] Por que ser católico hoje? – Que imagem você tem na cabeça quando ouve a expressão “Igreja católica”? Ela “fez…” “manda fazer…” ou outra coisa. Você sente que faz parte da Igreja, está comprometido. Você está à margem, distanciado, afastado. Você acha que ainda será católico daqui a dez ou vinte anos? Como vê a sua própria fé católica? Para encontrar motivos você precisa de: trabalho, estudo e reflexão. Se você pensa e sente: “Que diferença faz qual é a sua religião? Elas são praticamente a mesma. Se você não magoa as outras pessoas e vive uma vida virtuosa, isso é o que conta”. Você está escapando, está-se desculpando para não ter trabalho-estudo-reflexão…AQUILO EM QUE VOCÊ ACREDITA FAZ, SIM, DIFERENÇA. Nós – com falhas e erros graves! – podemos verificar a liderança desde o papa atual, Bento XVI, até ao primeiro, Pedro apóstolo. Nós acreditamos na presença real de Deus – eucaristia, em Jesus Sangue e Corpo. Os motivos existem. Espero que você os encontre. Pode não saber o credo, mas se você é fiel ao esposo/esposa? Se tem compromisso social? Deixou de beber, etc? A sua Fé foi a causa… o confirma no Bem e na Verdade. O faz mais humano.
[2.] Sua fé é forte? Você crê realmente em quê? – Você acredita nos signos, em olho grande, em vidas atadas, em sexta-feira 13, em destino e sina… e também em comunhão de Jesus e no terço. A fé está em tudo, mas nem tudo é prova de fé. “Fezada”, “Fezinha” e “Fé”…Onde você está? A Fé verdadeira ajuda a descobrir sentido em tudo (fora as besteiras e mentiras criminosas!). Ajuda a descobrir que não perdemos o tempo. Nos “Escritos de Teologia”, Karl Rahner afirma que a posição do verdadeiro crente pode exprimir-se naquela palavra do Evangelho, de Marcos cap.9,v.24: “Eu CREIO! Ajuda a minha incredulidade!”.
[3.] Coisas velhas podem ser realmente boas ou más. Nem tudo o que é velho é “cafona”. Na Igreja há 2 tipos: CVT (Coisa Velha Tosca) e CVL (Coisa Velha Legal). A Igreja é um grande edifício (há quem chame palácio, mas teria de ser palácio do povo, e certas épocas o povo ficou excluído…) que sofreu obras e melhoramentos ao longo do tempo. Alguns exemplos de CVLs, duma lista extensa, são as Velas. Magnífica beleza de uma vela, acesa durante toda a missa. O uso do círio pascal, Jesus a luz de nossa vida, ilumina nosso caminho através da escuridão. Os paramentos do padre que mudam de cor conforme o tempo litúrgico (e em muitas Igrejas mudam também os cartazes, as toalhas de altar, etc). O uso da água nos sacramentos e benções. Podemos dar muitos mais exemplos na arte e nas diversas linguagens. A Igreja aceita CVL e também CNB (Coisa Nova Boa). Se você pensa apenas nas coisas antigas, você fica estreito e ressequido, incapaz de ver a Igreja como ela realmente é hoje. Se pensa apenas nas coisas novas (computadores, instrumentos, etc) você fica desconectado, sem raízes, incapaz de ver a beleza de nossas tradições. A receita da vovó pode ser velha, mas com certeza é boa.
[4.] Sacramentos: realidades fantásticas. Vivemos num mundo fantástico e “do” fantástico (cfr. os 40 anos da TV Globo: programa “Fantástico”). Deus forneceu maneiras pelas quais o Jesus ressuscitado alcança nossa vida, nos toca e nos transforma. Nós chamamos essas maneiras de sacramentos. Os sacramentos são tão reais quanto Jesus, mas não são mágicos, assim como Jesus não foi mago. Ele não vai nos agarrar, agitar e transformar se não quisermos ser transformados. Os sacramentos normalmente nos afectam, conforme estamos abertos e dispostos a ser afectados. Encontrá-lo é uma “fantasia” que Ele tornou real. Obs. O autor reflectiu sobre a literatura fantástica de Tolkien e Madeleine L’Engle, re-criando uma catequese ”narrativa”. Será preciso fazer um estudo de literatura, em cada língua-cultura, também ela “fantástica”, para atingir o público juvenil e seu imaginário.
[5.] Recuperar e valorizar as “Coisas Sagradas”. Nossa vida está repleta de objectos, acções, gestos, palavras, épocas e lugares especiais. São especiais porque nos colocam em contacto com pessoas e ideias importantes para nós. Os sacramentos e os sacramentais “funcionam” assim em nós. Você pode dizer, por exemplo, que um sacramento/sacramental é como uma bateria carregada; há energia nela. A energia da bateria não faz nada acontecer, a não ser que esteja ligada a alguma coisa. O que é ligado e libera a energia de um sacramento/sacramental é a nossa fé, nossa relação com Jesus e nosso amor por Deus e pela Igreja. As cinzas por si mesmas não me fazem penitente, são apenas sinal de penitência. Tenho de assumir uma relação com Jesus e um compromisso com a sua Igreja.
[6.] Como é ser adolescente/jovem e católico em diferentes épocas na história? – Você vive num mundo que diz: “Se você não gosta de alguém, acabe com ele – não importa se com socos entre duas pessoas ou com bombas entre duas nações”. Nos inícios do Cristianismo os cristãos eram condenados à morte no Coliseu de Roma com piadas do tipo: “O placar é leões 14, cristãos 0”. No fim os leões retornaram a átomos e moléculas, enquanto os cristãos estão com Deus e nossa memória de fé não os esqueceu. Deus terá de decidir o destino da platéia que assistia e aplaudia. Quais são os leões de hoje em dia? Consumo, modas, sexo, drogas, etc. Hoje é mais fácil ser cristão adolescente/jovem ou não. Quando não custa muito pertencer a alguma coisa, é fácil não levar essa coisa a sério. Quando achar que crer em Jesus é apenas um sentimento corriqueiro e não uma grande opção. Se ser cristão não custa nada, devo perguntar: “Estou sendo realmente cristão ou isso é apenas um rótulo que pus/puseram em mim?”
[7.] Testemunhos que não ajudam. – Podemos aprender coisas valiosas com as contrariedades e contradições da vida. Do mal se pode tirar um bem. Primeiro, os líderes (pais, professores, padres, políticos, amigos do peito…) não são perfeitos. São seres que cometem erros. Mas, se você sabe que suas acções são erros, você deveria aprender com isso e não sair por aí e cometer os mesmos erros. Segundo, se as pessoas que pregam uma ideia verdadeira não vivem de acordo com ela, a ideia ainda é verdadeira. Um pouco polémico, mas um exemplo próximo concretiza. Se seu pai diz “Nunca quero vê-lo bêbado!” ao mesmo tempo que fede fortemente a cachaça, ele pode sinceramente estar tentando mantê-lo longe do inferno do alcoolismo pelo qual está passando. Há muito aprender sobre este mundo. Mas o que se deve evitar é a atitude de que saber dirigir um negócio é realmente mais importante que saber distinguir o certo do errado. É a diferença entre estar informado e ser formado. Jesus começou com um povo pobre, relativamente sem instrução. Dois mil anos depois a Igreja católica ainda sobrevive e entusiasma (para alguns uma minoria que se extinguirá com a evolução…). Só pode haver uma explicação para isto. Ele ainda está connosco – tal como prometeu que sempre estaria.
[8.] Jesus e o monstro consumista. – A primeira frase que aprendemos com força desde a infância, e é última a deixar de ter importância na nossa vida é: “Eu quero isto ou aquilo!”. Todo mundo fica feliz enchendo-se a si mesmo e a seus entes queridos de COISAS. Tudo está cheio de propaganda. A fé não é um encher-se de coisas, mas precisamente o contrário o esvaziar-se de coisas. COISAS – são boas ou más? Na verdade, podem ser ou boas ou más. Temos de considerar a maneira como escolhemos usar (não abusar é um critério básico) as coisas materiais para nosso próprio bem e o de outras pessoas. A resposta é mesmo DEPENDE. Essa não é uma evasiva. Se sou extremamente mão fechada, pão duro, agarrado ao que é bacana por possuir muitas coisas para vestir e ver e mostrar e desfrutar… bem Deus fica muito longe. Se eu COMPARTILHO o que tenho com os outros, se tenho a consciência de que Deus me fala por meio das coisas da Terra. Eu mudo. A finalizar, já ouvi falar de DÍZIMO honestamente e não como negócio?
[9.] Vida após a morte I – Você pode considerar que é idiota ou mórbido pensar na morte e no acontece depois nesta fase da sua vida. Mas dê a si próprio o benefício da dúvida. E imagine que a ETERNIDADE propicia a cada pessoa várias possibilidades. Nós nos referimos a elas como “céu”, “purgatório” e “inferno”. Vamos continuar a pensar com o recurso a uma comparação desportiva. Imagine um treinador que passe um programa de condicionamento físico para seus jogadores, uma série de jogadas parta estudar, horários a cumprir e outras regras – tudo isso para o bem de cada um e do time. Bem a temporada está começando cada um tem de dar o máximo de rendimento. O Jogador Número Um. Segue o programa á risca, esforça-se nos treinos e fora deles, é disciplinado e joga para o colectivo. Tem o seu lugar para o jogo. O Jogador Número Dois só faz trapalhadas. Ele não é um desastre físico mas pode dar muito mais rendimento. Não faz os exercícios suficientes. O Treinador diz-lhe: “Eu vou manter você no time, mas não posso colocá-lo no Jogo. Vou colocá-lo num programa de treinamento intensivo”. O treinador quer o apuramento total: físico e estratégico. Muitos de nós somos como o Jogador Número Dois. Quando terminamos na terra não estamos prontos para jogar no jogo celestial. O céu é um lugar de amor total. É isso que acontece no purgatório. A palavra deriva de “purgar” “livrar-se de”. Somos capazes de estabelecer um conexão orante entre nós e o mortos (lendo na Bíblia II Macabeus, cap. 12), mas não sabemos exatamente como isso funciona. Não vá alguém supor que alguém morre e tem 50 amigos e parentes que rezam feito loucos para ele, enquanto outra pessoa morre e ninguém sabe ou se importa com isso? A primeira pessoa conseguirá lugar na via expressa do purgatório, enquanto a segunda terá de esperar praticamente para sempre? Se você acredita num Deus de Amor, você tem de acreditar num Deus que, na outra vida, é completamente justo e misericordioso! Ama especialmente as vítimas! Não sabemos o que faz com os carrascos… Não se deixa manipular por nós.
[10.] Vida após a morte II – E o inferno? O Inferno é uma idéia desagradável – tão desagradável que odiamos pensar nela. Adoramos dizer: “Simplesmente não consigo imaginar que um Deus amoroso enviaria alguém para tal lugar”. Isso é tentador porque nos tira de uma situação difícil. A comparação do treinador será novamente útil; pensemos agora no Jogador Número Três. Mostra-se como uma completa ruína física e mental. Volta para casa de madrugada, falta sem justificação os treinos, não dedica tempo nenhum estudo das jogadas, só pensa em si quando joga, etc. Treinador não tem outra opção senão dizer: “Você está fora do time”. Não se trata de uma punição. É uma decisão justa, porque o jogador se tornou permanentemente incapaz de funcionar no jogo. Se acredita que a Ressurreição vai acontecer, deixe Deus cuidar dos pormenores (dê uma olhada em Mc 12, 18-27; e 1Cor,15, não diz o “como” claramente, oferece pistas…). Post-scriptum: Nas pp. 123-127: Argumento do tio com 5 bilhões de dólares”.
FONTE: AUER, Jim, Dez bons motivos para ser católico –
Um guia da Igreja para adolescentes, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 2004, pp.131
[Título original: 10 Good Reasons to be a Catholic –
A Teenager’s Guide to the Church – USA, 1987].
Resumo e adaptação livre: Pedro José.